domingo, 2 de agosto de 2015

BEDA #2: Corre que é Treta!

PORTUGUÊS


Ciao!


Hoje, vou contar para vocês sobre o meu breve (e quase desastroso) encontro com minha melhor amiga, Raula. Já havia mais de dois meses desde a última vez que nos vimos, e ela veio de repente, me perguntar se eu estaria disponível para sair com ela. Sem pestanejar, obviamente respondi que sim e marcamos de nos encontrar na estação de metrô Trianon MASP, perto das catracas. Para não perder o costume, chegamos uma hora depois do horário marcado e a convenci a ir ao Starbucks comigo (sou viciada no chocolate quente branco deles). Lá, paguei-lhe um chocolate quente, e passamos o tempo conversando sobre algumas coisas que aconteceram no meio tempo em que não nos vimos. 
Começamos a discordar e a discutir sobre certos pontos, especialmente os que envolviam meu ânimo e minha vontade de estar viva (a depressão e a BPD me pegaram de jeito este mês). Repassando a conversa em minha mente agora, vejo que ela estava mais do que certa em seus argumentos. Tenho mesmo que sair mais, conhecer pessoas novas e fazer coisas que considero prazerosas e divertidas. Mas naquele momento, eu estava me sentindo irritada, apenas querendo que ela entendesse o que eu estava sentindo.
 A BPD é algo extremamente recente em minha vida e poucos amigos e familiares sabem sobre isso, então não é fácil externalizar isso para as pessoas, e muito menos lidar com tudo o que eu sinto em relação a elas. Raula estava apenas me ajudar, e eu estava irritada e magoada com as coisas que ela estava me dizendo. Contei-lhe brevemente sobre minhas crises, e assim a conversa caiu num ciclo, onde eu falava dos meus problemas e ela tentava achar uma solução. 

Em meio a tudo isso, ela me convidou a criar um blog e a entrar nessa de BEDA com ela - e como vocês podem ver, eu concordei. Afinal, escrever é algo que me alivia muito e, se ela ia entrar nessa, eu também ia. 
Nosso encontro foi rápido, algumas horas antes de ela precisar ir para a aula do cursinho (Raula atualmente estuda Gestão de Turismo, mas seu verdadeiro sonho é ser professora, o que eu acho maravilhoso), e logo estávamos andando. Ela em direção ao cursinho e eu, em direção à livraria mais próxima. Queria passar mais tempo com ela e lhe explicar mais do que estava acontecendo, mas minhas tentativas foram em vão. Eu ainda me sentia irritada e frustrada, mas já não sabia mais o porquê. A única coisa que eu sabia era que eu estava com raiva e que ela ia sair para fora a qualquer momento. 
Andamos em silêncio, sem nem sequer olhar uma para a outra. E, sem nenhum aviso, eu parei. Simplesmente parei de andar. Parei e fiquei olhando ela se afastar, alheia ao que estava acontecendo, e lágrimas começaram a brotar dos meus olhos. Minha visão começou a ficar embaçada e sentei-me num ponto de ônibus, desejando não ter saído de casa naquela manhã. Assim que ela percebeu, me mandou uma mensagem de texto, chateada. Começamos a discutir através de mensagens. Quando sua aula começou, as mensagens pararam de chegar, e eu fui para a livraria. Não tinha muito dinheiro e nem deveria estar gastando ele, mas mesmo assim, comprei uma comic belga e fiquei lendo-a até chegar em casa. 
Quando cheguei, me tranquei no meu quarto e caí num sono profundo. Não sonhei com nada, apenas deixei meus sentimentos flutuarem no vazio. As horas se arrastavam, e eu comecei a pensar em como pediria desculpas à ela. Felizmente, nossas brigas nunca duram. À noite, lá estávamos nós, trocando mensagens carinhosas e com xingamentos esporádicos. Odeio minha BPD, mas pelo menos tenho histórias para contar graças a ela. Por falar nisso, tenho o hábito de atribuir gêneros para meus problemas (?). A depressão e a BPD são mulheres. E para mim, isso sempre fez e sempre fará sentido. 

Enfim! Foi um dia péssimo e o que vou dizer pode até ser um clichê, mas essas brigas tornam nossa amizade mais forte, de alguma forma. Elas fazem a gente perceber o quanto nos importamos uma com a outra e o quanto vamos continuar sendo sinceras, mesmo que não concordemos. 
E essa briga me fez perceber, acima de qualquer outra coisa, que ela nunca vai desistir de mim, eu querendo, ou não. 

Obrigada por não desistir de mim.

P.S.: Sinto muito se minha história foi confusa em algum momento, mas isso costuma acontecer quando eu tenho muita coisa para falar.

ENGLISH

Ciao!

Today I am going to tell you about my brief (and almost disastrous) meeting with my best friend, Raula. It has been two months since I last saw her, and she contacted me all of sudden, asking me if I'd like to go out with her. Without hesitation, I obviously said yes, and we decided to meet up at the Trianon MASP subway station (I live in São Paulo, Brasil, in case you're curious). As always, we arrived at the station one hour after the scheduled time and I convinced her to go to Starbucks (I am addicted to their hot white chocolate). There, I treated her a hot chocolate as well and we spend our time chit chatting.
We started to disagree on some topics, specially the ones that had something to do with my mood and my desire to stay alive (depression and BPD got me). Now that I think about that situation, I can see that she was right. I do need to go out more often, meet new people and do things that I consider enjoyable and funny. But, at that moment, all I could feel was anger and I just wanted her to understand my point of view. BPD is something really recent in my life and not everybody knows that I have it, so it's really hard to understand and deal with everything that I feel. 
Raula was just trying to help me and I was angry and frustrated with what she was saying. I told her about how my feeling were being a huge influence in my behaviour and the conversation became a cycle in which I told her my problems, while she tried to find solutions for them. 
In the middle of the conversation, she invited me to create a blog and to start the BEDA project - and as you can see, I agreed. After all, writting is something that really relieves me and, if she was going to be serious about it, I was in too.
Our meeting was really brief, only a few hours before her classes started (Raula is studying Tourism Management, but she's been studying to be a teacher someday, which is awesome), and we started to walk. She had to go to her classes, and I planned to visit the nearest bookstore. I wanted to spend more time with her, but it was in vain. I was still feeling angry and frustrated, but I didn't know why anymore. 
We kept walking in silence, without even looking to each other. And, suddenly, I stopped. I simply stopped walking. I stopped and I kept looking at her silhouette slowly dissapearing, not aware of what was happening. Tears started to come out, and my vision got blurry. I sit at the bus stop, wishing I didn't get out of my room that morning. As so as she noticed I was gone, she sent me a text, angry. We started to argue, but when her classes started, the messages stopped coming. I went to the bookstore and spent my money on a Belgian comic. Later, I regreted this, because I should be saving money instead of spending it with stuff I can't really buy now. 
When I arrived home, I got locked in my room and I felt asleep. I had no dreams, I only let my feelings go away. The time was passing by, and I started thinking about how I was going to apologize. Fortunately, we are unable to stay mad at each other for a long time, and at night, we were okay once again. I hate having BPD, but at least I have stories to tell, thanks to her. By the way, I have the habit of giving genders to my problems (?) Both BPD and depression are females. At least in my point of view. It has always been like that.
Anyway, yesterday was an awful day, but I guess those problems always make our friendship stronger, somehow. They make us see how we care about each other and how we will always be honest with each other, even if it make us argue a lot. 
And, above everything, it made me notice that she is never going to give up on me, no matter if I want that or not. 

Thank you for not giving up, even when I already did. 

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P.S.: I am sorry if I sounded confusing while sharing this situation with you, but it usually happens when I have too much to say or write.

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